“DISPONIBILIDADE, harmonia, solidariedade, transparência”
Num momento em que é evidente a mudança do discurso e das práticas das políticas estatais, integrando um conjunto de preocupações que foram o campo de combate da animar durante longos anos, importa adaptar a animar para novos desafios, melhorando a sua capacidade organizacional e a sua inserção na sociedade portuguesa (aos níveis local, regional e nacional) e ao nível internacional.
Numa altura em que se assume a necessidade de agir concertadamente para a construção de territórios de bem-estar, a articulação da rede animar passa a ser um pilar central para o desenvolvimento da intervenção local que se realiza pela integração das escalas internacional, nacional, regional nas acções concretas do local.
Assim, torna-se importante saber aproveitar a experiência do passado, integrando os desafios do futuro, compatibilizando e articulando pequenas e grandes iniciativas e organizações do desenvolvimento local, numa base cooperativa e renovadora.
O período de 3 anos que agora se inicia é um momento de transição que irá exigir a capacidade de equilibrar tensões e pontos de vista diferentes, contudo é um momento decisivo para afirmar valores, princípios, metodologias e intervenções, protagonizados por um movimento social que a animar representa.
É este o desafio: inventar e concretizar novas soluções, gerindo as tensões da mudança, aproveitando as diferentes forças e perspectivando o futuro de modo a construir a sustentabilidade dos processos de desenvolvimento territorial e local a diferentes escalas. Em equipa, com coesão e rigor.
O desenvolvimento local, nas suas vertentes rural e urbano, tem enformado a intervenção da animar, quer ao nível político quer operacional, necessitando cada vez mais de ser equacionado numa lógica de estruturação da sustentabilidade e de promoção de “territórios de co-responsabilidade”, onde a inovação social seja palavra de ordem, ancorada na cooperação entre actores públicos, privados e cidadãos, uma responsabilidade partilhada que não ignore as gerações futuras e tenha no bem-estar de “todas as gerações” o grande objectivo do progresso social.
Mas o que pode a ANIMAR, com o actual modelo de organização, fazer mais pelo Desenvolvimento Local?
Para contribuir com novas soluções de mudança, mobilizar efectivamente os seus associados e ser um interlocutor político reconhecido e com capacidade para negociar, tem forçosamente de se adaptar aos novos desafios e criar um modelo de intervenção marcado por um elevado sentido de responsabilidade, sabendo gerir numa óptica de coesão a arquitectura reticular que amiúde se desenha no seu seio e que muitas vezes traduz momentos de oportunidade.
Nos últimos 16 anos de existência muito foi feito pelas diferentes Direcções que foram auxiliando esta animar a crescer, mas já é tempo de conseguir consolidar uma estrutura mais estável, indispensável para o assumir de novas responsabilidades, mas também para a construção de um futuro sustentável. As Linhas de Intervenção que agora se apresentam dão corpo à missão que pretendemos assumir nos próximos 3 anos e que se pretende construída com base em quatro valores centrais, respectivamente, na disponibilidade para ouvir, cooperar e intervir; na indispensável harmonia para construir; na solidariedade que tem sempre de nortear uma equipa com um projecto comum; na transparência das intervenções, processos e decisões.
Este MANIFESTO estrutura-se em cinco domínios-chave, respectivamente, missão, valores, objectivos de gestão, estratégia, acções prioritárias. Compete aos associados avaliarem a sua pertinência!
A missão da lista candidata está indubitavelmente associada à que se assume para a animar e que de certa forma tem vindo a nortear o seu caminhar nos últimos anos:
» Contribuir para consolidar a animar enquanto estrutura associativa de defesa do Movimento de Desenvolvimento Local numa abordagem integrada e integradora, designadamente através da melhoria da qualidade da articulação em rede, da circulação da informação e dos processos de cooperação interinstitucional;
» Contribuir para dar mais voz e protagonismo ao Movimento de Desenvolvimento Local, através de uma representação mais efectiva junto das instâncias de poder;
» Traduzir os princípios do trabalho em parceria, da inovação, do empowerment, da cooperação transnacional e da disseminação de resultados em formas peculiares de actuação, que consolidem um desenvolvimento local sustentável e territórios de co-responsabilidade, cimentados na justiça social, igualdade de oportunidades, inovação, coesão socioterritorial e participação cívica.
VALORES
Disponibilidade, harmonia, qualidade de gestão, solidariedade e transparência são os cinco valores nucleares que norteiam a intervenção dos membros desta lista e que são os pilares de um mandato baseado numa cultura democrática e participativa. Todavia, pela sua importância, salientam-se ainda a unidade, a experiência, a inovação, o sentido crítico responsável e a pró-actividade, como outros valores indispensáveis à concretização da missão e à indubitável necessidade de consolidação efectiva da rede animar.
OBJECTIVOS DE GESTÃO
O objectivo - chave da gestão preconizada pela lista candidata consiste em facilitar a mudança e alcançar resultados através da utilização eficiente, criativa e responsável dos recursos disponíveis, indo ao encontro das necessidades dos associados e do Movimento de Desenvolvimento Local.
Desdobrado nos seguintes objectivos operacionais:
» Escutar activamente para liderar inovações, gerindo a mudança;
» Promover projectos e articulações para alcançar resultados específicos;
» Fornecer serviços adequados às necessidades dos associados;
» Desenvolver redes e parcerias sectoriais e territoriais;
» Gerir informação e conhecimento para a inovação no desenvolvimento territorial integrado;
» Dinamizar reflexões sectoriais e transversais para a edificação de «novas» éticas ao serviço do bem comum;
» Promover práticas sustentáveis de gestão das organizações, de inovação e desenvolvimento social ou territorial;
» Desenvolver e profissionalizar um Gabinete Técnico-profissional e motivado.
ESTRATÉGIA
Nos últimos anos a noção de inovação social tem surgido nos mais variados domínios e ganho uma importância crescente, associando-se às iniciativas do terceiro sector e atravessando diferentes preocupações que fazem parte do quotidiano de quem tenta promover um desenvolvimento local sustentado. É, pois, neste novo quadro de intervenção, que se apresenta a Estratégia para os próximos 3 anos, obviamente centrada num desenvolvimento local que se aproprie de formas adequadas de inovação social. O trabalho que nos propomos levar a cabo será norteado pelas seguintes linhas estratégicas:
a) Consolidar a posição da animar enquanto voz do Movimento de Desenvolvimento Local, com capacidade de interlocução política e associativa;
b) Tornar a animar num parceiro reconhecido pelas entidades criadas ou a criar para a promoção da economia social e solidária;
c) Valorizar a missão da animar através do envolvimento do seu Gabinete Técnico no processo de construção da inovação social e dos territórios de co-responsabilidade / bem-estar;
d) Valorizar a animar enquanto “Rede de redes”, suportada numa matriz sectorial de forte participação;
e) Valorizar a animar enquanto estrutura com capacidade para dinamizar a cooperação e a colaboração, alicerçada em parcerias a diferentes escalas territoriais;
f) Valorizar a animar enquanto estrutura promotora da igualdade de oportunidades e da integração dos jovens no Movimento de Desenvolvimento Local.
g) Valorizar a animar enquanto estrutura associativa difusora de boas práticas e promotora de exemplos transferíveis.
ACÇÕES PRORITÁRIAS
O Desenvolvimento Local tem sido uma escola, uma prática e uma mais-valia para as populações locais, afirmando progressivamente a participação cívica tão deficitária em Portugal. Para participar empenhadamente na construção de soluções de mudança que respondam aos actuais desafios, consideram-se prioritárias as seguintes acções:
(1) Consolidar a profissionalização da gestão operacional, remunerada e configurada nas figuras de uma Direcção de Proximidade e de um Director Executivo;
(2) Consolidar um Gabinete Técnico eficiente, que suporte a profissionalização da gestão e permita alargar os domínios de intervenção da animar;
(3) Tratar da obtenção do Estatuto de Utilidade Pública, tendo em conta que é uma das poucas formas legalmente consagradas de apoio ao Associativismo, que se reflecte na concessão de algumas regalias que podem facilitar o desempenho da gestão e da acção da animar;
(4) Revitalizar a acção política da animar, melhorando a comunicação com os associados, decisores políticos e órgãos de comunicação social;
(5) Revitalizar o Conselho Consultivo, enquanto estrutura de apoio ao pensamento que se for desenvolvendo ao longo do mandato, tendo em conta que é uma reserva de capital de conhecimento e experiência do Movimento de Desenvolvimento Local;
(6) Dinamizar a criação de Grupos Sectoriais, incrementando a animar enquanto “Rede de redes”;
(7) Reforçar a presença da animar nas plataformas consultivas e de concertação económica e social de escala nacional;
(8) Incentivar a criação de parcerias estratégicas com o Poder Central, Local e Empresas, de forma a encontrar soluções sustentáveis para problemas concretos, no quadro da criação de “territórios de co-responsabilidade”;
(9) Melhorar a comunicação electrónica no funcionamento dos Órgãos Sociais e da Rede;
(10) Valorizar as Assembleias Gerais como espaços privilegiados de participação, debate e legitimação do trabalho desenvolvido;
(11) Recuperar o sentido dinâmico, de aprendizagem e de cooperação do Processo Manifesta, conferindo-lhe dinâmicas de inovação social próprias de uma sociedade em rede com o suporte digital e conceptual da Web 2.0;
(12) Promover acções que visem a sustentabilidade económica e financeira, bem como a autonomia/independência na melhoria da relação com os associados e na prestação de serviços de consultoria e formação dirigidos e pensados a partir das necessidades da rede.
(13) Participar activamente na construção e desenvolvimento da Régie Cooperativa António Sérgio para a Economia Social.
(14) Garantir o envolvimento activo no suporte ao desenvolvimento das «redes sociais» e aos processos colectivos de base local que se destinam à luta contra a pobreza e exclusão.
Constância, 28 de Novembro de 2009